quarta-feira, 13 de agosto de 2008

AVIVAMENTO

Avivamento
Hc 3.2 Ouvi, SENHOR, a tua palavra e temi; aviva, ó SENHOR, a tua obra no meio dos anos, no meio dos anos a notifica; na ira lembra-te da misericórdia.

Por que razão um Deus justo silencia e nada faz, quando os ímpios (neste caso, Babilônia uma nação pagã e perversa) devoram aqueles que são mais justos do que eles? Esta foi a maior dúvida e queixa de Habacuque quando escreveu seu livro. O profeta sabia que o povo em pecado, se inclinando para a violência e injustiça seria, obviamente, submetido ao juízo divino. Ele também tinha convicção de que os caldeus serviriam apenas como instrumento deste justo castigo. Porém, apesar de toda compreensão, ele precisava urgentemente interceder por seu povo. Em meio a tantas indagações, o profeta ora fervorosamente ao Senhor solicitando-Lhe providências e a sua manifestação poderosa em favor de sua nação, pois, caso contrário, não
sobreviveriam diante do poderio babilônico. Era necessário uma revolução espiritual para despertar o povo para o arrependimento e, quem sabe, usufruírem da misericórdia, benevolência e renovação do Senhor.

INTRODUÇÃO
Livro de Habacuque, um profeta de Judá, quase desconhecido, mas o que Deus a ele transmite sobre avivamento é de grande peso espiritual e precisa ser cada vez mais conhecido pelo povo de Deus.

I. O AMBIENTE DO AVIVAMENTO
O profeta Habacuque escreveu o seu livro pouco antes do seu povo ser subjugado pelos babilônios e levado em cativeiro. O povo de Israel vivia então em grande declínio espiritual como é evidente em passagens como em Habacuque 1.2-5.
1. Oração profunda. “Oração do profeta Habacuque” (v.1).
Oração pessoal, a partir do profeta de Deus. Todos devem orar muito por um avivamento poderoso, glorioso e soberano, enviado por Deus.Todos os avivamentos da Bíblia e da história da igreja foram marcados e conservados na atmosfera da oração, jejum, arrependimento, confissão expontânea, quebrantamento de espírito, humilhação diante de Deus e santidade.
Há crentes que até oram bem quando em grupo, no culto ou noutro lugar, mas sozinhos não; mas precisamos intensificar também a nossa oração intercessória pessoal pela obra de Deus, como fez Habacuque.
2. Louvor no Espírito. (v.1). Trata-se de um termo musical plural, cujo singular
O Salmo 7. É uma diretriz para o regente de música sacra na casa de Deus, que o nosso espaço aqui não comporta detalhar. É também o caso do termo musical “selá” que aparece em 3.3,9,13. Habacuque foi certamente um obreiro levita músico. Em 3.16 ele faz alusão a “meus instrumentos de música”. Ele era um crente-músico, que dependia primeiro da fé em Deus (2.4), e não primeiramente um músico-crente, que dependesse primeiro da música.Uma igreja reavivada inclui abundante “música de Deus” (1 Cr 16.42). Em inúmeras congregações nossas, a verdadeira música sacra morreu; seu espaço é preenchido com música e canto tipo passatempo, diversão, animação; sem peso, sem
mensagem, sem vida, sem unção, sem melodia, sem graça, sem oração, sem endereço, sem nada.Quando teremos outra vez no culto profetas de música realmente sacra, santa, bíblica, espiritual? “Cânticos espirituais”, que brotam primeiro como fontes, do coração crente (Ef 5.19).3. A Palavra de Deus. “Ouvi, Senhor, a tua Palavra” (v.2). A Palavra de Deus abundante, fluente, poderosa, revigorante e renovadora é o
grande agente divino para o avivamento. Hoje a Palavra saiu dos púlpitos da maioria das igrejas e foi substituída ardilosamente e quase sempre por música, festas, jograis e apresentações que são “sacrifícios de tolos” que Deus aborrece.Mas não é só no culto que a mensagem do evangelho foi abafada; também nos periódicos, nas emissoras, no vídeo, etc.
3.Temor de Deus. “E temi” (v.2). Sem renovação espiritual constante na sua vida, o crente perde aos poucos o repúdio ao pecado, sua sensibilidade espiritual diminui e o temor de Deus também. Isso afeta seriamente as coisas de Deus, os valores espirituais, principalmente a santidade de vida e a retidão no viver cotidiano.
4. Renovação espiritual. “Aviva, ó Senhor, a tua obra” (v.2). Precisamente falando, avivar, tem a ver com quem já morreu, e reavivar, com quem ainda tem vida. O anjo da igreja de Sardo tinha nome no rol dos vivos, mas estava morto espiritualmente (Ap 3.1). A nova vida em Cristo é chamada ressurreição (Cl 3.1; 2.13; Ef 2.1; 5.14). Verdades pertinentes à renovação espiritual:
a) Avivamento do povo. A “obra” de Deus a ser avivada no v.2 é o seu povo e não as instituições, seus pertences e objetos. Ver Is 29.23 “seus filhos, a obra das minhas mãos”; Ef 2:10 “somos feitura sua, criados em Cristo Jesus ”.Que é avivar espiritualmente? É uma operação soberana, irresistível e sobrenatural do Espírito Santo na igreja para trazê-la de volta ao real cristianismo bíblico como retratado no livro padrão da igreja – Atos dos Apóstolos. Ao avivar e reavivar a igreja, Ele salva crentes inconversos dentro da igreja, liberta os crentes carnais, realiza prodígios (e não apenas milagres conhecidos), levanta os caídos. Jesus batiza multidões com o Espírito Santo, os crentes buscam a vida santificada, os perdidos buscam a salvação (como nos avivamentos de Mt 3.1-5; At 16.30) e prevalece o espírito de unidade de alma entre os crentes e não apenas união de cabeças, externa, egoísta e efêmera. Ver Jo 6.66,67.
a) O momento do avivamento. “No meio dos anos” (v.2). Isto é, agora. “Meio” fala também de equilíbrio.
b) O esvaziamento do eu. “Lembra-te da misericórdia” (v.2). No avivamento, méritos humanos são esquecidos e só Deus é glorificado do maior ao menor, na unidade do Espírito.


II. OS FATOS DO AVIVAMENTO
O profeta Habacuque primeiro “viu” certos fatos de um avivamento (1.1; 2.2,3; 3.7). Ele era homem de fé, a qual vê o invisível de Deus, que a visão espiritual comum não alcança. Mas o profeta também “ouviu” de Deus (3.2,16). No avivamento que iniciou-se em Jerusalém e propagou-se pela Judéia, Samaria e até aos confins da terra, certos fatos sobrenaturais aconteceram. Ouviu-se do céu um som como de um volumoso vento, rápido e forte. Foram vistas línguas repartidas como que de fogo. O Espírito Santo encheu a todos, e falaram noutras ínguas.
O que chamam de avivamento em muitos lugares não é “do céu” (At 2.2), mas de homens e mulheres, que estão enganando, ou foram enganados.
1. O que Deus fez ontem pode fazer hoje. “Deus veio de Temã” (v.3).A partir daqui o profeta faz um resumo dos feitos miraculosos de Deus ao tirar Israel da servidão do Egito, conduzi-lo através do deserto consumidor e estabelecê-lo em Canaã, ocupada por poderosas nações pagãs. Temã era a invencível cidade-fortaleza, capital de Edom. Designava também o território a leste do deserto de Parã. Nada pode se suster diante do poder de Deus. Nos vv. 3-15, os atos de Deus em favor de Israel estão todos no tempo passado! Deus fez! (Dt 33.2). Deus ainda está no controle da situação decadente da igreja em muitos lugares, mesmo arecendo que os maus adoradores e maus obreiros estão a fazer como lhes apraz. O grande avivamento que deu origem a Assembléia de Deus e outras igrejas do mesmo quilate, no início do século passado, Deus pode reconduzi-lo, e ainda maior, se nós o seu povo lhe clamarmos dia e noite, humilhados na sua presença. Ler 2 Cr 7.14,15. Não são os incrédulos que impedem um avivamento do alto, na igreja; são os crentes, quando se entregam a negligência, ao mundanismo (2 Cr 7.14).
2. Santidade. “O Santo” (v.3). Assim Deus é declarado. Ele é santo num sentido único, e seus seguidores precisam ser santos. Os atos gloriosos que Deus realizou no meio de Israel durante
a peregrinação no deserto e o culto divino no tabernáculo em todos os pormenores falavam da santidade de Deus. Ele não modificou seus padrões. Hoje fala-se muito em poder, mas pouco em santidade, o que denota um falso evangelho, pois a santidade é um atributo de Deus tanto quanto o seu poder. No princípio das Escrituras Deus anunciou ao seu povo, “sereis santos, porque eu sou santo” (Lv 11.44). No final do Novo Testamento Deus volta a anunciar a mesma verdade, em 1 Pe 1.15,16 mostrando assim que a santidade deve ser uma virtude perene do seu povo.
3. Gloria divina manifesta. “A sua glória cobriu os céus” (v.3). A igreja é no presente a habitação de Deus aqui (2 Co 6.16), assim como o foi seu povo Israel no passado. “Glória na igreja”, está dito em Efésios 3.21. Este é o propósito de Deus, mas o apego da igreja à desobediência, ao conformismo, à tolerância e transigência quanto às trevas impedem um avivamento. Sempre que a igreja se mistura com o mundo fica parecida com ele como aconteceu com Israel no passado, e a glória divina se afasta.Podemos dar glória, cantar vitórias, simular glória, e falar de glória, mas outra coisa é “a Sua Glória” manifestar-se e permanecer entre nós. É o quadro de Efésios 5.27. Sem esta divina glória na igreja, a morte com sua frieza instala-se. Quando a glória se foi, no passado, veio a tragédia nacional sobre Israel com a perda da arca do concerto, a derrota do exército na batalha e a extinção da fé simbolizada na morte de Eli, o sumo sacerdote, seus dois filhos, e ainda a esposa de um deles.
4. Louvor celestial. “A terra encheu-se do seu louvor” (v.3). Não é louvor artificial, como está a acontecer por toda parte: cânticos e músicas sem unção divina, sem mensagem bíblica, sem endereço certo, com letra deturpada, com melodia, ritmo e andamento copiados do mundo, e que só satisfazem a carne. Um real avivamento do alto santifica também o louvor ao Senhor. É o “seu” louvor (v.3).Observe-se que a Palavra afirma “A sua glória cobriu os céus, e a terra encheu-se do seu louvor”. Isto é, o louvor como resultado da presença da glória divina. É a glória de Deus, sua presença pessoal, direta e abundante, buscada e manifesta que origina a adoração. O louvor, como sacrifício espiritual ao Senhor, por sua vez conduz à adoração, como vemos em 2 Cr 29.27,30.
5. Poder celestial. “Raios brilhantes saiam da sua mão, e ali estava o esconderijo da sua
força” (v.4). Como avivar os mortos e reavivar os que “não tem nenhum vigor”, como diz Isaías, senão pelo poder vivificador do Espírito? (Ez 37.14). Três alusões ao poder avivador de Deus, no v.4. 1) “Raios” é literalmente “chifres”, que na simbologia bíblica fala do poderio; 2) “Sua mão” que reflete poder; uma figura muito difundida na Bíblia; 3) “Sua força”, o poder do Senhor que sempre opera nos avivamentos.Observemos ainda que Deus não concede seu poder indiscriminadamente: “o esconderijo da Sua força”.
6. Milagres de curas. Adiante dEle ia a peste, e raios de fogo sob seus pés (v.5). As doenças fogem diante de Jesus. “Raízes de Fogo”, a conhecida Versão Berkeley traduz por “febre alta”
nas doenças. Deus opera milagres, mas há milagres falsos e enganosos (Mt 7.22,23; Êx 7.10,11,22; 2 Ts 2.9; Ap 13.13). Jesus preveniu duas vezes que é por seus frutos que os enganadores são identificados, e não por seus milagres Mt (7.16,20).Corridas, quedas, pulos, gestos, brados e outros movimentos podem nada ter com um real despertamento do Espírito. Quando o vento sopra forte até as plantas secas e mortas se movem, sem terem vida. Deus mede o crente não é pelo que ele faz, mas pelo que ele é (Lc 6.40). Hoje, mais do que nunca os falsos milagres estão enganando muita gente.
7. O pecado, Deus não o dissimula. “Parou, e mediu a terra” (v.6). O ato de medir em textos
como estes fala de julgamento de pecado. De fato, os avivamentos bíblicos e da história da igreja sempre conduzem o povo de Deus a uma maior santidade prática de vida, “em toda maneira de viver”, como está escrito em 1 Pedro 1.16.Aquela nossa decisão firme de romper com todo pecado e apegar-se à santidade, quando da nossa conversão, devia continuar pelo resto da vida, o que não acontece, a menos que o crente busque renovar-se e reencher-se do Espírito, como nos diz Efésios 5.18: “Continuai cheios do Espírito” (literalmente).


III. A CONTINUAÇÃO DO AVIVAMENTO
A história da igreja mostra claramente que vez por outra ela atravessa períodos de marasmo espiritual, apresentando frieza, abertura ao secularismo, organização demasiada e por fim uma quase letargia por falta de vida, poder, fervor e unção que só o Espírito Santo comunica. Tal quadro torna-se ainda mais difícil quando os dirigentes de obra também acomodam-se a esse estado anormal de coisas e não advertem, nem conclamam o povo para um completo retorno a Deus e à uma vida cristã normal, abundante, ativa, zelosa pelas coisas de Deus e acima de
tudo cheias do Espírito.A Palavra de Deus por Habacuque, fala-nos de alguns elementos espirituais que um avivamento deve buscar e preservar para que possa continuar.
1. Humilhação do povo diante de Deus (v.16). O quebrantamento de espírito do profeta, aliado à sua profunda humilhação diante de Deus e seu sentimento de indignidade representa uma das
condições do povo para a continuidade de um avivamento. Num avivamento só Deus é grande e
toda glória humana se esvai. Habacuque era um obreiro de destaque no magnificente templo de
Jerusalém, mas vêmo-lo aqui quebrantado em seu espírito (“meu ventre; meus ossos; dentro de mim, v.16).A humildade de que Deus se agrada é primeiramente a de espírito e daí permeia todo o seu ser (Is 57.15; 1 Pe 5.6). Quem é grande em si mesmo não pode ser servo, e quem é servo não pode ser grande em si mesmo.

2. Fé inabalável em Deus. “Todavia eu me alegrarei no Senhor” (v.18). Uma das proezas da
fé são os seus “todavias”, os quais não são muitos na Bíblia, pois trata-se da fé sob prova no
sofrimento. No avivamento nem tudo são bênçãos,regozijo, maravilhas do Senhor. De muitas maneiras o inimigo reage contra os santos e a fé é testada; porém, mesmo assim, ainda assim, contudo, todavia, o crente fiel continua firme.Um avivamento real não persistirá se nele vier a
predominar o emocionalismo, a imaturidade, a pseudo liderança e a ausência da doutrina bíblica. O segredo é a fé e seu exercício segundo a Palavra (Mt 9.29).
a) Fé independente de prosperidade material. No versículo 17 Está a prosperidade material atingida. É a fé sob prova. É a figueira sem flor, a videira sem fruto, a oliveira sem óleo, os campos sem produção e a extinção dos rebanhos pela perda irreparável de “ovelhas” e “vacas”, que são indispensáveis à reprodução. O “todavia eu me alegrarei no Senhor”, do versículo 18, ensina-nos que nossa fé não deve estar em coisas e bens terrenos, mas no Senhor! Aleluia! Sim, a fé num avivamento real e permanente não deve depender da prosperidade material e sim esta daquela.
b) A fé e sua senda no avivamento. Habacuque é o livro da fé no Antigo Testamento.
1) Em Habacuque capítulo 1, vemos a fé voltada para Deus, em oração; “a oração da fé”, de que fala Tiago. A situação era terrivelmente crítica em todos os sentidos nos dias de Habacuque, mas aquele profeta-músico afirma sua fé em Deus, orando (1.2-4, 12-17).
2) No capítulo 2, a fé contempla a visão da vinda do Senhor (vv.2,3) e também o triunfo do justo mediante a fé, até aquele dia, “mas o justo pela sua fé viverá” (v.4; Hb 10.37,38). Na esfera do natural, a praxe é ver para crer, mas na esfera espiritual é crer para ver (v.4; Jo 11.40). 3) No capítulo 3, a fé em Deus, canta na certeza da vitória. Trata-se de um hino a Deus (v.19b) contendo uma oração (v.1). Num avivamento bíblico a oração (cap. 1), a fé (cap. 2) e o louvor (cap. 3) são elementos preciosos que se completam.

3. A força do Senhor. “Jeová, o Senhor, é minha força” (v.19). Duas grandes lições divisa-se aqui.
1) A responsabilidade pessoal de cada crente: “minha” (e não apenas nossa).
2) O crente sempre depende do poder do Senhor (força).


CONCLUSÃO
No avivamento bíblico registrado em Habacuque, a oração (cap.1), a fé (cap.2) e o louvor cap.3) são elementos preciosos que se completam.Busquemos ao Senhor incessantemente por este avivamento, e ele certamente virá.

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